APAE Jundiaí completa 60 Anos!

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Minha filha Julia nasceu quando eu já estava madura. E, como dizem os antigos: era a raspa do tacho, já que a diferença entre ela e a minha filha mais velha é de dezesseis anos.  Eu tive uma gestação normal e o parto correu bem. Mas, com o passar dos anos, notamos que ela tinha algo diferente mas não sabíamos o quê. Ela não engordava, era miúda, e às vezes seus olhos saíam de órbita. A coisa complicou quando ela entrou na escolinha. Julia não acompanhava a turma, era distraída e não entendia os conceitos mais simples que eram ensinados. 


                                (Julia e Marina, a minha filha mais velha)

Depois de percorrermos vários especialistas, inclusive o Grendacc - Grupo em Defesa a Criança com Câncer - foi constatado que não havia nenhum problema físico. Fui indicada a procurar uma neuro-psicóloga infantil. E foi por ela (após longos testes) que ouvimos que a Julia tinha um atraso mental que inclusive afetava a sua coordenação motora, a área cognitiva e o raciocínio abstrato. Julia não conseguia ler e escrever.

Feitos todos os testes psicológicos a próxima etapa foi procurar um neuro pediatra para os exames clínicos. Tomografia, exames de sangue e mais inúmeros outros foram solicitados. Nesse meio tempo ela foi atendida no SATE - Serviço Terapêutico de Apoio Educacional, da Prefeitura, que oferece atendimento especializado a crianças e adolescentes com dificuldade de aprendizado.

Após um ano eles encaminharam a Julia à APAE. Quando estive pela primeira na instituição fiquei surpresa com a estrutura bem organizada, o número de profissionais e a quantidade de crianças assistidas. A maioria com problemas mentais severos. Saí de lá impactada com a força e o apoio que as famílias recebem e em saber que a APAE de Jundiaí foi a primeira unidade fundada no Estado de São Paulo e a terceira no Brasil. 

Ter uma criança com algum tipo de deficiência independe de classe social ou poder aquisitivo. Simplesmente ocorre e você tem a opção de fingir que isso foi uma fatalidade ou enfrentar e procurar o melhor suporte possível para o seu filho.

                                 (Geraldo Enfeldet, filho da Fundadora da APAE Jundiaí)

Por isso me surpreendi ao saber que a fundadora da APAE não teve filho com qualquer tipo de deficiência. Conversando com um dos filhos dela, o Geraldo Enfeldet, soube que a Dona Inês na verdade era professora da rede pública. E, naquele tempo, as crianças com Sindrome de Dow eram chamadas de mongolóides e não eram bem aceitas nas escolas.

Dona Inês criou uma sala especial e mostrou, que com empenho e dedicação elas progrediam sim. Só precisavam ser estimuladas adequadamente. A notícia se espalhou e pessoas iam à casa dela pedir ajuda para seus filhos. Até que em 1957 foi fundada a APAE. 

E para comemorar os 60 anos desta entidade tão importante para a sociedade, foi organizado um jantar que reuniu quase 300 pessoas, no Restaurante Brunholi, que fizeram questão de dar o seu apoio e reforçar o vínculo da cidade com os menos assistidos.





Atualmente com uma nova Diretoria, comandada pelo Sr. Wagner Chachá a APAE Jundiaí conta com mais de 100 profissionais. Esses profissionais são responsáveis por atender cerca de 1.600 pessoas por mês - de bebês a adultos - que tenham deficiência intelectual ou transtorno do espectro do autismo. É uma senhora organização. Sem a qual muitas famílias ficariam se ter como tratar seus filhos e/ou parentes de forma adequada.

                                         (O Presidente da APAE Jundiaí, Wagner Chachá)

Wagner me disse que ter transparência e uma diretoria comprometida com a missão da entidade é muito importante. Mas o apoio de voluntários, empresas e das pessoas que contribuem mensalmente é fundamental.

A Delphos Sistema de Segurança, é uma das empresas-amiga da APAE. Nina Batista e Nestor Mesquita, proprietários, fizeram questão de prestigiar o jantar. Nina me disse que é muito importante apoiar entidades sérias e que ajudam tantas pessoas como a APAE Jundiaí. 

                                                (Nestor Mesquita e Nina Batista)
                         
Você deve estar se perguntado e a Julia? Como está? Bom, desde que a Dra. Mariana Pereira - a neuro-pediatra recomendou o suporte de uma Fonoaudióloga e uma Psicopedagoga, Julia passou a ter esses atendimentos. Lá se vão oito anos. Hoje com catorze, Julia começou a ler (ainda com certa dificuldade) há cerca de um ano atrás. A escrita também melhorou. Ela ainda tem limitações principalmente com a matemática (não tem noção de dinheiro, de cálculos básicos). Por isso é importante o acompanhamento de uma Psicopedagoga. E há muitos anos a Daniela Pereira Robbi vem assistindo a Julia. Cada conquista é uma alegria para nós. 


                   (Luciana Contesini, fonoaudióloga e Daniela Robbi, psicopedagoga)

Julia é uma menina alegre e amorosa. Adora se maquiar, canta músicas em um inglês perfeito (bendito youtube) e faz aulas de street dance duas vezes por semana. Vai demorar um pouco, mas eu sei que ela será independente e um dia vai poder viajar, ir ao Shopping ou fazer qualquer fazer outra atividade sozinha. Por enquanto eu sou a sua eterna guardiã e agradeço todos os dias a missão que a mim foi confiada. 


                                                  (Julia e suas irmãs Caroline e Marina) 



Mesmo que você não tenha um filho com algum tipo de deficiência, ajude a APAE. Entre no site http://www.apaejundiai.org.br/ ou em contato com a jornalista Diná de Melo, Assessora de Imprensa da Entidade pelo fone:
(11) 94745.1334

                                       (Diná de Melo, Assessora de Imprensa da APAE Jundiaí)

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