Quando eu penso nesse restaurante, me vem à mente aquele trecho do filme Ratatouille, quando o famoso crítico gastronômico experimenta o prato e o sabor da comida desperta memórias da infância e de sua mãe. E ele se rende à simplicidade e perfeição do prato executado pelo ratinho.

É assim que a gente se sente quando come no O Caipira Restaurante: a comida tem o sabor da nossa casa, de nossa infância. Da mesa farta, alegre e simples. E o ingrediente é um só: comida bem feita e atendimento acolhedor.


                           José Roberto Furlani e sua esposa Marta

Prestes a completar vinte anos O Caipira Restaurante tem uma história de persistência que vale a pena você conhecer. Tudo começou quando José Roberto Furlani e seus dois cunhados decidiram montar algo. Ele, que trabalhava em metalúrgica queria mesmo era abrir uma serralheria. Mas os cunhados já tinham experiência na área de alimentação.  Quando foram ao Rocinha Restaurante, em Vinhedo, famoso na época por servir comida típica mineira veio a inspiração: abrir um restaurante de comida caseira.

Conseguiram um ponto bem localizado no bairro Vila Hortolândia e montaram toda a infra-estrutura. Mas o dinheiro acabou e eles não tinham como abrir o restaurante. Furlani decidiu vender seu carro e injetar o dinheiro para abrir as portas. Em janeiro de 1998 foi inaugurado O Caipira Restaurante. O sucesso foi imediato. Formava-se fila na rua. Todos queriam experimentar as delícias da cozinha caipira. Mas o restaurante não dava lucro. Vivia cheio, tinha uma boa clientela. Mas as dificuldades financeiras começaram a pesar.



Os dois sócios decidiram sair do negócio e Furlani se viu na difícil situação de fechar ou continuar. Neste momento o apoio da família foi fundamental. Sua esposa Marta e suas filhas Aline, Jéssica e Natália (na época adolescentes) passaram a ajudar nas tarefas diárias. Foram tempos difíceis. Até que um amigo recomendou uma Consultoria Financeira que atendia diversos empresários de Jundiaí, na mesma situação.

E assim, o Sr. Antônio (da Consultoria) fez um raio X da situação financeira, negociou dívidas, estabeleceu novas regras e tudo foi seguido na ponta do lápis. Esse mesmo senhor foi até a TV Rede Paulista (uma retransmissora da TV Cultura com conteúdo local) e pediu ao então Diretor-Presidente, Cristiano Pierobon, que divulgasse os estabelecimentos que ele atendia. Ele sabia da importância de uma boa campanha publicitária. Mas como seus clientes poderiam pagar se estavam em dificuldades?



E assim, em uma condição muito especial, o Sr. Cristiano Pierobon  produziu e veiculou as campanhas desses clientes dando o prazo de alguns meses para que eles começassem a pagar. Os comerciais do restaurante eram maravilhosos. Chamavam a atenção com aquele forno a lenha e pratos que davam água na boca. E assim vieram novos clientes, inclusive de outras cidades. Furlani foi conseguindo pagar suas dívidas e retomar o crescimento. E nunca deixou de fazer propaganda.

Outro fato importante foi ter seu nome incluso no Roteiro Gastronômico do Estado de São Paulo. Muitos estrangeiros passaram a ir no Caipira Restaurante justamente para poder experimentar a típica comida brasileira. E acabam voltando e recomendando para outros executivos.



Hoje O Caipira Restaurante recebe diversos artistas sertanejos que vêem à região para fazer shows e querem comer uma comida que lembre suas origens.
Por falar em origem,  Furlani diz que a atração principal de seu restaurante é o fogão a lenha. Muitas família frequentam o restaurante e as avós costumam mostrá-lo a seus netos lembrando que era em um fogão assim que elas cozinhavam.


    (Marta e Furlani com o artista Gabriel da dupla Zé Henrique e Gabriel e Keroline da           dupla Andressa & Keroline)


Quando pergunto o que ele acredita que fez com que o restaurante superasse tantos obstáculos ele rapidamente responde:
" -Ouvir o cliente é essencial. Aqui não temos um gerente. É a nossa família que recebe a sua. Eu faço questão de ouvir as críticas para melhorar e aprender. "



Um exemplo disso é o de Antonio Aizawa. Um famoso sushiman de Jundiaí que sempre frequentou O Caipira. Ele me disse que uma vez chamou o Furlani e fez uma crítica construtiva. Algumas semanas depois, de volta ao restaurante, ele se surpreendeu em ver que tinham corrigido a falha.
Antonio me disse que este foi um sinal importante de humildade e cuidado com o cliente. 
" - O Furlani ouviu e resolveu rapidamente a questão que eu levantei. Se fosse outro, talvez não tivesse dado importância e assim perderia um cliente.


                  (Antonio Azawa e Furlani com os artistas Lucas & Mesquita)

Hoje Antonio é um grande parceiro do O Caipira. Ele sempre almoça lá com sua filha e faz questão de trazer amigos e artistas para conhecerem o restaurante. 
Com a internet e as redes sociais, Furlani diz que é importante estar atento à qualidade de seu atendimento sem perder a simplicidade do preparo dos pratos.

" - É preciso usar a tecnologia mas sem perder o sotaque caipira que é a nossa origem. "

Eu frequento O Caipira há muitos anos. É o restaurante preferido da minha mãe. Ano passado ela fraturou o fêmur. Ficou muito tempo sem poder andar. Este ano, no Dia das Mães, meus irmãos decidiram levá-la para comer fora. Quando perguntaram onde ela queria ir não deu outra: no O Caipira. Infelizmente o mau tempo impediu de levá-la. Com a idade e a dificuldade em andar não seria aconselhável ela sair de casa. Mas sabemos que assim que ela estiver mais independente, vai poder ir lá e comer o  torresminho, a couve cortada fininha com arroz e tutu de feijão, a banana frita e empanada. E na saída tomar um café de coador com um pouco de rapadura.

Se você ainda não conhece esse restaurante, não pode deixar de visitá-lo. Aberto de segunda a segunda para almoço ele tem uma farta mesa de saladas, carnes grelhadas na hora e a grande atração: o fogão a lenha.

http://www.ocaipirarestaurante.com.br/